Parei...
Voltei a pensar,
Mesmo com um corvo rouco assoviando o tempo todo no meu ouvido.
Fugi do que eu não queria entender, não conseguiria enfrentar.
Eu tentei não pensar até a dois dias atrás, quando tive o primeiro sonho. Meu primeiro sonho premeditório com você.
Descobrir que iria passar o dia com você, não só mentalmente, foi um tortura. Sabia que ia acontecer e sabia que não era comigo.
Na noite seguinte veio mais forte, as palavras, o pedido, as caricias, os beijos e um sentimento mais intenso, já que passara o dia com o você físico.
Hoje eu sabia o que ia acontecer, eu ia te ver, depois de ter ficado horas pensando em você, ia me segurar mais do que no dia anterior, para não te agarrar do nada como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Mas não. Nunca é assim para mim. Não para mim.
Passou a manhã e nada, nada de você físico e eu afastava o você mental, no almoço você chegou e senti a estranhesa, que não emanava só de mim, era ambígua e confusa.
Fui almoçar e não ligar pra nada no momento, fui abrindo a porta ao voltar, era tudo normal, não?
Um casal se beijando, achei que fosse um casal normal qualquer e desconhecido. Não. Era o meu casal, o meu cenário. Como se uma atriz que visse outra atuar em seu lugar após ter tanto ensaiado e ter quebrado a perna - literalmente - no dia anterior a estreia, em seu ensaio final.
Era para ser meu! Sentir a ilusão quebrar algo dentro de mim, e uma voz ainda repetia: "Eu te disse que não era para você. Nunca é. Nunca Você.".
Não podia sair do nada sem desculpas para não mais ficar ali, tinha que trabalhar lá, eles eram os invasores, mas eles não iam sair. O corpo dele também parecia mais rígido, com que de culpa, com se ele soubesse dos meus sonhos e sentisse a culpa pela traição mental. Ele nem mais me olhava, não falava de mim ou comigo. A sala tava cheia de outras testemunhas de uma traição muda e inexistente nesse mundo.
Ele frio comigo e insanamente doce com ela.
Mesmo sendo irreal, foi real para mim. Eu senti na pele dela, tudo antes de acontecer.
Um dejá vù com outra angulação. É sempre assim...
Eu na pele das outras.
Sempre elas. Nunca eu.
É sempre assim...
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