domingo, 22 de agosto de 2010

Chute a gol

Quebrei o silêncio, aquele clima estava sufocante, queria ouvir explicações e não as minhas. Cheguei um pouco para frente e passei as mãos pelos cabelos tentando deixá-los mais apresentáveis e acabei optando por dar um nó neles, levantei para ficar de frente para ele, deixando um espaço para não tocá-lo. Sabia que me distraía muito com ele e assim poderia perder o foco, esquecer das perguntas, isso se ele não fugisse delas, como ele sempre fazia. Ele tinha esses dons, não sei se só funcionava comigo, mas ele sempre não respondia e eu nem percebia na hora, e depois que o efeito passava eu ficava lá, sozinha e confusa.
Não consegui. Virei e voltei a encarar o mar, assim tomei coragem para perguntar: "O que que você veio fazer aqui?"

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Início da Prorrogação

Com o ouvido colado em seu peito, ouvindo os batimentos de seu coração. Se alguém me parasse e perguntasse qual era a melhor música, a minha preferida, diria que era isso. O simples movimento do seu coração, um movimento vital, que eu apreciava como se a qualquer momento esse pudesse ser o último. Tentei sincronizar minha respiração com a sua, mas não consegui. Não podia forçar a mágica que não havia. Não precisava dessa mágica, não precisava sempre saber o que ele pensava, o que nós tinhamos já era bastante. Podia ficar louca para ouvir em palavras seu pensamento, às vezes, mas me contentava com o que tinha.
Numa última longa respiração, ele acordou. Não me mexi, mas ele sabia que eu estava acordada (ele sempre sabia, sabia tudo de mim), mas fingiu que não e levantando com cautela, afastando as costas do apoio do divã, ele continuou me abraçando e me puxou levemente para cima. Não aguentei mais, queria ver seu rosto, olhar em seus olhos e o beijar, então me mexi, levantei a cabeça e o olhei. Nesse momento lembrei, ao ver seu cabelo perfeitamente arrumado, que minha aparência não deveria ser uma das melhores, então olhei através do vidro que contornava a varanda, alguém o tinha aberto e dava para ver o mar, não a praia cheia de pessoas em uma confusão de um domingo ensolarado no meio das férias de verão, infelizmente também não dava para sumir com o barulho delas.
Permanecemos lá sentados no divã de frente para o mar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Um só gol

Joga num canto, ela viajava. Estava bêbada demais para aquele mundo insignificante, ela era gigante em sua mente e todos a volta não passavam de formigas interesseiras.
Ela, aos tropeços, conseguiu se levantar, foi aos trancos até a varanda para procurar alguma paz, mesmo sabendo que essa tinha nome próprio e que ele não estaria lá.
Sentou-se num divã e convete um riso, ironia estar numa posição onde seria ouvida. Do seu divã conseguia ver parte da praia iluminada pelos postes, a orla estaria vazia a não ser pelos molequinhos de rua sentados num banco dividindo alguma coisa e pelas prostitutas espalhadas perto da pista pouco movimentada... eram quase 3 horas e ninguém dera por sua falta, estavam todos muito bêbados para isso.
Caiu num sono leve e quando acordou com o sol na cara, não estava sozinha. Ele surgiu quase como mágica, como se tivesse saido de seus sonhos e a abraçava. Ela encantada sorriu e ficou quieta assistindo, com medo de quebrar o encanto ou de que tudo não passasse de um lindo sonho.
Taila Figueredo Brasil