segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Início da Prorrogação

Com o ouvido colado em seu peito, ouvindo os batimentos de seu coração. Se alguém me parasse e perguntasse qual era a melhor música, a minha preferida, diria que era isso. O simples movimento do seu coração, um movimento vital, que eu apreciava como se a qualquer momento esse pudesse ser o último. Tentei sincronizar minha respiração com a sua, mas não consegui. Não podia forçar a mágica que não havia. Não precisava dessa mágica, não precisava sempre saber o que ele pensava, o que nós tinhamos já era bastante. Podia ficar louca para ouvir em palavras seu pensamento, às vezes, mas me contentava com o que tinha.
Numa última longa respiração, ele acordou. Não me mexi, mas ele sabia que eu estava acordada (ele sempre sabia, sabia tudo de mim), mas fingiu que não e levantando com cautela, afastando as costas do apoio do divã, ele continuou me abraçando e me puxou levemente para cima. Não aguentei mais, queria ver seu rosto, olhar em seus olhos e o beijar, então me mexi, levantei a cabeça e o olhei. Nesse momento lembrei, ao ver seu cabelo perfeitamente arrumado, que minha aparência não deveria ser uma das melhores, então olhei através do vidro que contornava a varanda, alguém o tinha aberto e dava para ver o mar, não a praia cheia de pessoas em uma confusão de um domingo ensolarado no meio das férias de verão, infelizmente também não dava para sumir com o barulho delas.
Permanecemos lá sentados no divã de frente para o mar.

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