sábado, 18 de setembro de 2010

Passional

Mais uma vez ela estava encolhida, abraçando os joelhos, olhando pro nada, num canto de uma sala trancada. Ela tinha feito de novo o que disse que nunca mais ia fazer. Ela ignorou os fatos e seguiu o que sentia. Não prestou atenção aos detalhes, nem em quem estava a sua frente. Foi como se fechasse os olhos para o mundo real e fosse viver o seu sonho, e sem pensar no certo ou errado ela se entregou, sem nem pensar se ele também a queria do mesmo modo.
Seu crime foi passional contra sua própria pessoa, não a quem mais condenar. E agora ela sofria de um extremo oposto ao que tinha sentido no momento. Ela se via num meio reflexo na porta do armário, via a insegurança que tinha deixado de lado, via as dúvidas que chegaram tarde demais e pior de tudo, se via sozinha, sem ele, sem ninguém, sem ela, sem alma. Um corpo vazio e largado no canto da sala. Ela o amava, mas ela não sabia dele e aos poucos morria. De saudades. De solidão.

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